A aliança entre o PT e os banqueiros
- Carlos Dias
- 25 de abr.
- 5 min de leitura

A verdade precisa ser dita sem rodeios: os banqueiros adoram o Partido dos Trabalhadores - PT. Não é retórica política – é matemática pura. Enquanto o partido vendia uma imagem de defensor dos trabalhadores, os números contam outra história. Entre 2003 e 2016, o lucro líquido dos cinco maiores bancos do país explodiu 460%, saltando de R$ 10,7 bilhões para impressionantes R$ 60 bilhões. No mesmo período, nosso PIB cresceu inexpressíveis 29%.
Entramos, sem qualquer dúvida, na era da agiotagem oficial. O Brasil tornou-se o paraíso dos rentistas. Com a Selic média de 11,2% durante os governos petistas e inflação média de 6,4%, nosso juro real de 4,8% superou absurdamente os padrões mundiais. Quem produzia, perdia. Quem especulava, enriquecia.
O BNDES transformou-se em instrumento desta engenharia perversa. Seus desembolsos saltaram de R$ 64,9 bilhões para R$ 187,8 bilhões anuais entre 2007 e 2014, criando os famosos "campeões nacionais" – empresas privilegiadas pelo compadrio estatal. Resultado direto: nossa dívida pública inflou de 51,3% para 69,8% do PIB.
Paralelamente, o assistencialismo sem contrapartidas produtivas tornou-se a marca registrada deste modelo. As famílias dependentes de programas como o Bolsa Família multiplicaram-se de 3,6 milhões em 2003 para 14,1 milhões em 2016. Os gastos com assistência social mais que triplicaram, saindo de 0,5% para 1,7% do PIB.
Esta combinação tóxica – financeirização excessiva e assistencialismo sem exigências – gerou improdutividade e indolência crescentes. Nossa produtividade do trabalho caiu 0,4% ao ano entre 2003 e 2016. Não é coincidência.
Para os jovens, o resultado é devastador: um desalento profundo pela falta de perspectivas. Temos hoje 11,6 milhões de jovens "nem-nem" – 22,3% da população entre 15 e 29 anos nem estudam, nem trabalham. O desemprego juvenil atinge 19,4%, quase o dobro da taxa geral. Quase metade (46,3%) dos jovens que trabalham estão na informalidade ou subemprego.
Estamos, portanto, diante de uma geração perdida. Jovens sem esperança, sem qualificação adequada e sem caminhos claros para a independência financeira. A taxa de matrícula no ensino médio caiu 8,2 pontos percentuais entre 2014 e 2022. Enquanto os bancos, com o crescimento do aparato estatal, e consequentemente da dívida pública, prosperam, nosso futuro definha.
Este modelo econômico não é acidente – é projeto. A aliança entre PT e sistema financeiro construiu um Brasil onde o capital especulativo é privilegiado sobre o trabalho produtivo, onde a dependência estatal substitui o mérito, onde o futuro é sacrificado pelo poder político imediato.
Os números não mentem. Enquanto celebrávamos a suposta inclusão social, os banqueiros brindavam lucros extraordinários e uma geração inteira perdia sua chance de desenvolvimento. A conta chegou, e é amarga: uma nação menos produtiva, jovens sem perspectivas e um abismo cada vez maior entre especuladores e produtores.
O Brasil precisa despertar para esta realidade incômoda. Os banqueiros realmente adoram o PT. E nós, brasileiros comuns, pagamos o preço desta união nefasta com nosso suor honesto, nosso futuro e o futuro de nossos filhos.
Não é retórica: é um diagnóstico ancorado em fatos e números recentes que ecoam a realidade econômica do Brasil atual. Desde o início dos governos petistas, vivenciamos uma transformação do ambiente financeiro nacional profundamente marcada pelo que podemos chamar, sem rodeios, de era da agiotagem oficial.
Em 2024, os quatro maiores bancos brasileiros – Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander – atingiram juntos um lucro líquido de R$ 108,2 bilhões, crescimento de 18,6% sobre o já exuberante 2023. O Itaú liderou o ranking com R$ 40,2 bilhões; o Banco do Brasil veio logo atrás, com R$ 35,4 bilhões; Bradesco, R$ 19 bilhões; e Santander, R$ 12,4 bilhões. No total, em 2023, o sistema bancário registrou um recorde de R$ 144,2 bilhões em lucros. São cifras que nunca se encontrariam no setor produtivo nacional, expostas por dados que desmascaram o discurso da “luta contra a elite financeira”.
Tudo isso foi sustentado por uma política econômica que manteve a taxa Selic em níveis elevados, sempre em dois dígitos durante quase toda a última década. A consequência imediata desse ambiente é simples: enquanto o setor financeiro coleciona recordes de lucratividade, a economia real caminha, quando muito, a passos lentos. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 3,4% em 2024, atingindo R$ 11,7 trilhões – um avanço modesto diante da explosão dos ganhos bancários e das promessas de retomada vigorosa e sustentável.
E ainda há a face institucional desse arranjo: o BNDES, que deveria ser indutor do desenvolvimento, segue como canal privilegiado de recursos para grandes conglomerados empresariais, reforçando concentração setorial e dependência estatal. A dívida pública se mantém elevada, se aproximando de perigosos 80% do PIB, travando os investimentos que poderiam, de fato, dinamizar o setor produtivo e gerar oportunidades.
No paralelo, ganham terreno os auxílios sociais sem exigências concretas de integração produtiva ou de qualificação. Longe de produzir mobilidade social sustentável, o assistencialismo desenfreado vai criando terreno fértil para a improdutividade e para a inutilidade e indolência coletiva. Entre 2023 e 2024, por exemplo, a produtividade do trabalho brasileiro permaneceu estagnada, sintoma claro de um sistema de incentivos que puniu o esforço, a inovação e o dinamismo.
O impacto desse modelo econômico se abate com brutal força sobre a juventude brasileira. Em 2024, mesmo com uma pequena queda, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos registrou 14,3%, quase o dobro da já alta média nacional. O drama é ainda mais intenso para adolescentes de 14 a 17 anos: a taxa saltou para 28,2% apenas no último trimestre de 2024. Quase metade dos jovens inseridos no mercado de trabalho está na informalidade, em postos sem garantia ou perspectiva.
O quadro se agrava quando olhamos a geração intitulada “nem-nem”: 20,4% dos jovens brasileiros entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham – são mais de 11 milhões de jovens à margem de qualquer chance real de ascensão social sólida ou de trajetória produtiva. O desalento é imediato e contagiante em um país que, ao favorecer o capital especulativo, sacrifica sua energia vital, sua juventude e qualquer horizonte de desenvolvimento individual e coletivo genuíno.
Este arranjo não resulta de acaso ou inépcia; é a materialização explícita de um projeto político que sacrifica o futuro do país no altar dos ganhos financeiros imediatos e do populismo assistencialista. A aliança sistêmica entre o setor bancário e os governos petistas consolidou um modelo econômico que favorece o capital especulativo em detrimento do investimento produtivo, comprometendo a capacidade do Brasil de construir uma base sólida de desenvolvimento sustentada pelo trabalho humano e colocando uma geração inteira à margem das oportunidades.
A simbiose entre bancos e PT vai além da narrativa ideológica: ela se manifesta nos dados, nas escolhas e nas consequências diárias para milhões de jovens e trabalhadores. A “era da agiotagem oficial” e dos auxílios sem contrapartida desenha um Brasil menos dinâmico, menos produtivo e mais desigual, sobretudo no que diz respeito ao futuro dos jovens.
Enfrentar essa realidade exige reformas profundas e corajosas, que devolvam a centralidade ao mérito, à produtividade, ao investimento efetivamente produtivo e à liberdade econômica. Sem tal ruptura, o país continuará aprofundando o fosso entre uma elite bancária próspera e uma juventude cada vez mais desalentada, dependente de assistencialismo e excluída do ciclo virtuoso do mercado de trabalho qualificado.
O Brasil precisa escolher: persistir na rota de ciclos viciosos, assistencialismo improdutivo e financeirização descontrolada – ou reconstruir um ambiente econômico que premie o esforço, a inovação e a educação produtiva. Além de despertar para esta realidade incômoda: a aliança deletéria entre os banqueiros rentistas, agentes do sistema financeiro que obtêm rendimentos artificialmente elevados graças a privilégios estatais e distorções do mercado, e o PT. E nós, brasileiros comuns, pagamos o preço desta união nefasta com nosso excessivo suor, nosso futuro e o futuro de nossos filhos.
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