O dia da reconciliação

Domingo passado foi o domingo da Misericórdia, festa instituída por São João Paulo II em 2002. A exemplo de Jesus, a misericórdia, a compaixão, a compreensão, o perdão, são frutos do amor, a marca do cristão. Por isso, nós, Bispos do Regional Leste 1 da CNBB, estabelecemos nesse Domingo da Misericórdia, o Dia da Reconciliação. Nossa mensagem é: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14). “A reconciliação é dom do Cristo Ressuscitado. Em um mundo dilacerado por discórdias, a nova presença do Senhor nos oferece oportunidade de superação do que nos separa de Deus e uns dos outros.”
“Muito se tem falado a respeito da polarização da sociedade. Temos sentido seus efeitos negativos e desagregadores. Como Igreja, esse fenômeno nos questiona... Somos conscientes que é parte fundamental de nossa missão como Bispos promover a unidade, a comunhão e a reconciliação em nossas comunidades e colaborar para que haja também comunhão em nossa sociedade...”.
“A interação positiva entre pensamentos diferentes promove o bem social. Para a sociedade, como também para a Igreja, as legítimas diferenças são um bem comum. A comunhão e a valorização recíproca entre carismas, ministérios e teologias diferentes são muito importantes para o bem da Igreja e para o cumprimento de sua missão evangelizadora. Formamos em Cristo um só corpo porque fomos batizados em um único batismo, recebemos o mesmo Espírito (1Cor 12,13) e comemos do mesmo Pão (1Cor 10,17)”.
“A polarização nega o valor da diversidade de opiniões, fragmenta a sociedade e fere também a comunhão eclesial. Ela chega a romper vínculos tão fundamentais como a união familiar e a amizade pessoal e social. A Igreja compreende a sua missão de empenhar-se, seguindo as pegadas do Senhor, pela conversão dos corações e pela reconciliação dos homens com Deus e entre si, duas realidades que estão intimamente conexas”.
“Nosso encontro com Jesus Cristo e nossa experiência do grande bem que é a comunhão nos tornam conscientes de que é parte de nossa missão contribuir para superar a polarização e para promover os valores que previnem contra a desagregação social e edificam uma sociedade melhor. Evangelizar, em uma sociedade polarizada, significa sermos promotores de encontro, de união, de correspondência e de reconciliação. O Papa Francisco recorda que a Igreja ‘é chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e agir’”.
“Nas situações conflitivas ou tensas, temos de ter presentes o bem e os valores morais e sociais que estão em questão. Não podemos comprometer ou ferir esses bens, nem a comunhão da Igreja, das famílias e da sociedade por motivos ideológicos ou políticos. O bem da comunhão está acima desses motivos e deve ser guardado e promovido em qualquer situação. Quando esse bem é ferido o remédio que o cura é a reconciliação. Com esta intenção, rezemos: ‘Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa Paz. Onde houver Ódio, que eu leve o Amor...”
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