Promessas de Haddad sobre metas orçamentárias e recuperação econômica soam otimistas demais diante da realidade econômica

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta sexta-feira (22) que o bloqueio orçamentário a ser implementado ficará na casa dos R$ 5 bilhões, ou talvez um pouco acima disso, segundo sua própria avaliação. O anúncio ocorre em meio à divulgação do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas do governo, mas as explicações parecem menos uma medida técnica e mais um esforço para manter as aparências de controle diante de crescentes desafios fiscais.
Apesar de Haddad ter garantido que a arrecadação está dentro do esperado e que não será necessário novo contingenciamento, as promessas de cumprimento da meta de resultado primário para 2024, que prevê zerar o déficit, soam excessivamente otimistas. Ele reafirmou que não haverá alteração na meta, mesmo enfrentando críticas e uma realidade econômica que mostra sinais de fragilidade. A autoconfiança do ministro contrasta com a situação econômica, em que o governo parece estar apostando em cenários incertos.
Na segunda-feira (25), Haddad apresentará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma minuta com as medidas de ajuste fiscal, incluindo um acordo polêmico com o Ministério da Defesa. Segundo o ministro, o objetivo seria garantir a aprovação das ações necessárias para o cumprimento das metas. No entanto, a falta de clareza sobre o teor dessas medidas levanta dúvidas sobre a efetividade e a real intenção do governo em implementar mudanças estruturais.
O ministro também exaltou o novo arcabouço fiscal como uma “excelente” ferramenta para estabilizar as contas públicas e reduzir os juros em um futuro próximo. Contudo, tal visão contrasta com a descrença generalizada entre economistas e investidores, que questionam a viabilidade de atingir os objetivos prometidos sem cortes mais profundos nos gastos ou reformas robustas, que seguem fora do horizonte político.
Apesar da retórica de Haddad, o governo parece cada vez mais dependente de ajustes pontuais e medidas paliativas para ganhar tempo, enquanto o país permanece distante de um verdadeiro equilíbrio fiscal. As promessas de crescimento sustentado com inflação sob controle, tão repetidas pelo ministro, ainda carecem de substância para convencer.
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