Bolsonaro denuncia perseguição de Alexandre de Moraes e questiona imparcialidade do STF

Ex-presidente critica ministro e diz que decisões judiciais têm motivação pessoal

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) voltou a fazer críticas contundentes ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante entrevista concedida ao UOL nesta quarta-feira (14). Bolsonaro afirmou que, diante das decisões do magistrado, há uma clara “gana persecutória”, sugerindo que o relator age movido por motivações pessoais.

“Não consigo entender porque essa gana persecutória por parte dele. A gente não ganha nenhuma contra o Alexandre de Moraes. Um recurso, por mais óbvio que seja… a gente não ganha nada”, declarou o ex-presidente. Para Bolsonaro, o ministro tem agido de forma parcial e politicamente orientada, ignorando garantias fundamentais do devido processo legal.

A declaração se refere, em especial, ao andamento da ação que tramita no Supremo sobre a suposta articulação golpista, da qual Bolsonaro é acusado de participar. O ex-chefe do Executivo questionou o ritmo do processo, alegando que o ministro Alexandre de Moraes estaria “comendo etapas” com o objetivo de acelerar o julgamento para os próximos meses.

“Ele está ali comendo etapas para ver se o julgamento acontece em agosto, setembro. Se sou tão culpado assim, por que não seguir o devido processo legal?”, indagou Bolsonaro.

Bolsonaro também questionou a tese da suposta "Minuta do Golpe". O ex-presidente afirmou enfaticamente que o ministro Alexandre de Moraes acenou que a tal minuta "não existe":

"Quando se fala em estado de sítio e defesa, além de convocar os conselhos, nem o presidente da Câmara, nem do Senado, foram convocados, e você tem que apresentar uma exposição de motivos, e depois mandar a proposta para o Congresso. Isso foi conhecido como minuta de golpe. O que Alexandre de Moraes acabou de nos responder? Que não tem minuta de golpe!". O líder da direita foi além: "Serei condenado, agora, sem minuta de golpe?" - questionou Jair Bolsonaro.

As declarações refletem o clima de tensão crescente entre lideranças da oposição e setores do Judiciário, especialmente em torno da figura do ministro Alexandre de Moraes, que vem acumulando poder e protagonismo em decisões parciais e de forte impacto político. Para Bolsonaro e seus aliados, o STF tem extrapolado suas atribuições constitucionais ao perseguir opositores do atual governo.