Carlos Lupi admite conhecimento prévio sobre fraudes no INSS: "A gente sempre soube"
- Núcleo de Notícias
- 30 de abr.
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Ministro diz ter sido surpreendido apenas pela dimensão do esquema que desviou bilhões de aposentados

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, declarou na terça-feira (29) que já tinha ciência das denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), embora afirme não ter conhecimento prévio da extensão bilionária do esquema. A confissão foi feita durante audiência na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados, justamente no momento em que o governo tenta conter os danos políticos provocados pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.
“Eu praticamente fui surpreendido com o volume disso. Eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá. A gente sempre soube, não vamos fingir... o 135 denunciava isso, a gente recebia queixa, a própria plataforma do INSS aparecia com algumas pessoas denunciando”, disse o ministro, em uma fala que contradiz o discurso de total surpresa adotado por outras autoridades envolvidas no caso. Segundo ele, foi apenas com a operação da PF que veio à tona a estrutura organizada e o alcance da fraude, que envolvia quadrilhas utilizando entidades associativas para subtrair recursos diretamente da folha de pagamento dos beneficiários.
O escândalo expôs um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas, com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões. A operação da PF foi deflagrada após meses de investigação e de um crescimento anormal na arrecadação dessas entidades. Apenas o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap), principal alvo da operação, viu seus repasses mensais saltarem de R$ 388 mil em dezembro de 2022 para quase R$ 10 milhões em menos de um ano.
De acordo com a Controladoria-Geral da União (CGU), mais de 740 mil aposentados pediram o cancelamento do chamado “desconto associativo” somente no primeiro semestre de 2024. Em 95,6% dos casos (709 mil), os beneficiários alegaram que jamais haviam autorizado os débitos, o que levanta sérias dúvidas sobre o controle e fiscalização do governo sobre esses convênios.
A resposta do Ministério da Previdência tem sido considerada tímida por parte dos parlamentares, apesar da suspensão dos acordos com entidades suspeitas e da promessa de reembolso para os descontos realizados em abril. Os casos anteriores seguem em análise pela Advocacia-Geral da União (AGU), mas o desgaste político já atinge diretamente o núcleo do governo, com denúncias envolvendo até mesmo o filho do atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, contratado por uma das entidades investigadas.
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