Após repercussão negativa, empresa nega embargo

A Danone do Brasil se viu no centro de uma crise na terça-feira (29), após declarar embargo à soja brasileira e gerar grande desconforto no agronegócio. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) divulgou que a empresa teria suspendido a compra do grão nacional, alegando preocupações com a sustentabilidade da produção no país. A resposta da Danone veio rapidamente: a empresa afirmou que a informação é incorreta e que mantém a compra de soja brasileira.
A declaração inicial, atribuída a Jurgen Esser, diretor financeiro da Danone, à agência Reuters, indicava que a empresa estaria priorizando fornecedores asiáticos devido a rigorosos critérios de sustentabilidade. Esse anúncio desencadeou uma série de manifestações nas redes sociais, incluindo ameaças de boicote aos produtos da marca no Brasil.
Entre as vozes contrárias, o ex-ministro da Agricultura, Antônio Cabrera, foi enfático ao apoiar um boicote à Danone, alertando que tal ação poderia desencadear uma reação em cadeia. “Ou o setor se posiciona de forma enérgica contra a Danone, ou estaremos nos sujeitando a uma enxurrada de outras empresas nessa linha populista,” declarou Cabrera. Para ele, a atitude da Danone carrega tom difamatório e, portanto, deve ter consequências para a empresa.
A Danone tenta se defender
Com a escalada da repercussão negativa, a Danone emitiu uma nota oficial, afirmando que a soja brasileira continua sendo um insumo essencial para sua operação local e reforçou que suas compras são realizadas em conformidade com normas locais e internacionais. A empresa esclareceu ainda que seu processo de compra inclui mecanismos de rastreabilidade para garantir que o grão adquirido não seja proveniente de áreas desmatadas.
“A Danone continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais,” afirma a nota oficial da empresa.
Aprosoja diz que Decisão da Danone é "Desconhecimento e Discriminação"
Em uma nota divulgada em seu site, a Aprosoja emitiu sua opinião sobre o caso:
"A recente divulgação de uma notícia informando que a multinacional Danone está deixando de adquirir a soja brasileira para formulação de seus produtos alegando desrespeito à legislação europeia é uma demonstração de desconhecimento ao processo produtivo no Brasil e um ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania.
O boicote adotado pela multinacional francesa já traz prejuízos para o Brasil e para os brasileiros, mesmo que a legislação da União Europeia antidesmatamento ainda não tenha entrado em vigor. A nova lei depende de aprovação no Parlamento Europeu, que deve prorrogar sua vigência por um ano.
Para a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), este ato de discriminação contra a produção de grãos do Brasil é passível de reclamação por parte do governo brasileiro nas instâncias que regulam o comércio mundial, pelo seu caráter punitivo, discriminatório e coercitivo. Nota-se que a ação da Danone está pautada na coerção da lei pela previsão de multa na hipótese de descumprimento da legislação que ainda nem entrou em vigor."
Leia a nota completa da Aprosoja clicando aqui.
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