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Lembrai-vos dos Pracinhas da Força Expedicionária Brasileira

Verás que um filho teu não foge à luta

Fevereiro, março e abril lembram as conquistas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália em 1945, após vencer imensos desafios e se tornar um eficaz instrumento de combate. Os EUA demoraram a entregar os meios para a FEB combater, pois eram necessários aos exércitos aliados já em operações na Europa e havia dúvidas se o Brasil iria à guerra. Equipamentos e armamentos só foram recebidos na Itália e a FEB entrou em operações com a preparação incompleta, com menos de quatro meses de adestramento no front, e substituindo uma divisão de Exército dos EUA e o Corpo Expedicionário Francês, ambos com larga experiência em combate.


O teatro de operações (TO) montanhoso permitia a defesa com forças reduzidas, especialmente sendo tropas aguerridas, equipadas e experientes do Exército Alemão, o mais profissional de todos. No início do inverno de 1944, a FEB foi empregada sobre o Monte Castello contra a poderosa Linha Gótica nos Montes Apeninos, após o insucesso da ofensiva anglo-americana em rompê-la para conquistar Bolonha.


Diversas condições desaconselhavam o ataque. A tropa americana que protegeria o flanco da FEB fora desalojada pelo alemão em 28 de novembro de 1944 e a força atacante era inferior à exigida pelo objetivo. Atacar, recuar em ordem e não ser substituída no front foi um mérito. Apontar falhas do escalão subordinado, particularmente de força estrangeira de país então periférico, era mais cômodo do que assumir a responsabilidade pelo erro de avaliação do valor defensivo do terreno, do inimigo e dos meios necessários para derrotá-lo. É preciso conhecer a história militar, a tática em montanha e a idiossincrasia castrense para opinar, com critério, sobre os feitos e falhas da FEB e não incorrer na servidão intelectual dos que acolhem, sem contextualizar, informações obtidas em metrópoles culturais.


Os Exércitos Inglês e Americano sofreram reveses por empregarem forças com preparação incompleta no início daquele conflito. O General Eisenhower assim comentou os insucessos americanos na Tunísia em 1943: “foi a inexperiência, particularmente dos comandantes. As divisões americanas (-) não foram beneficiadas com os programas de treinamento intensivo (-) permaneceram separadas de seu armamento e de grande parte de seu equipamento durante um longo período (-) Os comandantes e as tropas evidenciaram os efeitos dessa anomalia (-) embora não lhes faltasse a coragem e o caráter sua eficiência inicial não se compara com a demonstrada (-) depois de um ano de treinamento”. O mesmo ocorreu com a FEB no início das operações na Itália.


Na Europa, havia 69 divisões só dos EUA. A FEB era apenas uma das divisões de um dos corpos de exército, de um dos dois exércitos aliados e num TO secundário. O seu nível era tático, não estratégico, sendo um erro absurdo depreciá-la por não ser protagonista na derrota nazista na guerra. O IV Corpo de Exército dos EUA (IV CEx), que tinha uma divisão blindada, enquadrava a FEB, cujas missões eram dimensionadas às possibilidades de uma tropa a pé. Ela conquistou objetivos importantes para o IV CEx, pois este era o seu limite de exigência. A história da FEB foi escrita por pequenas frações, subunidades e unidades e assim deve ser estudada. Sargentos, tenentes, capitães e comandantes de unidades amadureceram em combate e venceram o maior desafio - a hora da verdade - enfrentar o fogo inimigo com equilíbrio emocional, competência e coragem.


Os quatro reveses em Monte Castello, o primeiro sob o comando americano, deveram-se à precipitação e má avaliação do Comando Aliado na Itália e às carências da preparação da FEB, superadas em dezembro de 1944 e janeiro de 1945 nos confrontos entre pequenas frações no front e não em campos de instrução à retaguarda. A conquista do Monte Castello consolidou a confiança na FEB, confirmada posteriormente com as vitórias de Castelnuovo, Montese, Zocca e Fornovo, onde capturou a 148ª Divisão Alemã, primeira vez que uma força da Wehrmacht, desse nível, se rendeu na Itália. O feito foi da FEB – “a cobra fumou”!


Nos anos 2000, o preparo de uma força de paz de mil militares para o Haiti, onde a ameaça era de gangues armadas apenas com fuzil, levava seis meses. Em 1943, o Brasil mobilizou 25 mil combatentes, em um ano, para enfrentar a poderosa Wehrmacht. A FEB foi a afirmação da dignidade nacional diante da afronta nazifascista afundando navios mercantes brasileiros e matando milhares de nossos irmãos.


Os Pracinhas honraram a Pátria com o risco ou o sacrifício da própria vida. Muitos não voltaram para viver as aventuras, alegrias e conquistas de uma vida plena, trabalhando, constituindo família e criando filhos. Os que voltaram, foram esquecidos.


Infelizmente é assim: se servistes à Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma (Padre Antônio Vieira).


CRÉDITOS (Imagem): Por Força Expedicionária Brasileira - Exército Brasileiro - Força Expedicionária Brasileira - Exército Brasileiro, Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=36976167

 
 
 

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