Valor 33 vezes maior que o registrado em 2023 expõe agravamento da crise ambiental no país
De janeiro a 16 de setembro de 2024, os incêndios florestais no Brasil geraram perdas econômicas que somam R$ 1,1 bilhão, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Esse montante é 33 vezes superior ao registrado no mesmo período de 2023, quando os prejuízos alcançaram apenas R$ 32,7 milhões. O impacto financeiro deste ano é aterrador, refletindo a intensificação das queimadas e suas consequências devastadoras para a população e o meio ambiente.
Ao longo de 2024, foram emitidos 749 decretos de situação de emergência por conta das queimadas, afetando diretamente 11,2 milhões de pessoas em todo o país. O período mais crítico foi entre agosto e setembro, com um aumento expressivo na intensidade dos incêndios, concentrando boa parte das perdas econômicas. Nos sete meses anteriores, os danos foram mínimos. Somente entre agosto e meados de setembro, 10,2 milhões de pessoas sentiram os efeitos diretos das queimadas, levando 538 municípios a declararem estado de emergência. Em comparação, no mesmo período de 2023, apenas 23 cidades estavam em emergência, e o número de pessoas afetadas foi de 3.800.
Segundo os dados da CNM, além das perdas humanas e ambientais, o impacto financeiro das queimadas em 2024 já afeta diretamente as finanças públicas municipais, com um aumento significativo dos custos relacionados à recuperação de áreas destruídas, à saúde pública e à segurança. Para Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, a situação reforça a urgência da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 31/2024, apresentada durante a XXIV Marcha da CNM. A proposta visa a criação de um fundo permanente com cerca de R$ 30 bilhões, voltado para ações de prevenção e combate aos desastres climáticos, que têm sido cada vez mais frequentes.
“A cada ano, enfrentamos eventos climáticos extremos, como secas e queimadas, que causam impactos devastadores nas prefeituras. Nossa proposta de fundo climático permanente é essencial para que os municípios possam se preparar melhor e ter condições de enfrentar essas tragédias. Sem recursos adequados, o cenário só tende a piorar, e os prejuízos continuarão crescendo”, afirmou Ziulkoski.
Além das perdas já contabilizadas, as previsões para o restante de 2024 indicam que as queimadas podem continuar a se alastrar, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde o clima seco e as altas temperaturas formam um ambiente propício para a proliferação de incêndios. A escassez hídrica, a redução na produção agrícola e a ameaça à biodiversidade são apenas algumas das consequências devastadoras que se esperam nos próximos meses caso medidas mais firmes e eficazes não sejam tomadas.
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