
A suspensão dos recursos do Plano Safra, ostensivamente justificada por contingências orçamentárias, configura uma manobra de desestabilização controlada do setor agropecuário, com repercussões que transcendem a esfera econômica e adentram o campo da segurança nacional. A decisão, ao precarizar a produção de alimentos e a capacidade de resposta do setor, eleva o grau de vulnerabilidade do país a pressões externas e a cenários de instabilidade interna.
A fragilidade fiscal do Estado brasileiro, exacerbada por uma política de endividamento crônico, cria uma janela de oportunidade para a atuação de atores exógenos, com interesses nem sempre convergentes com os objetivos nacionais. A insistência em alienar áreas degradadas, com o objetivo de atrair investimentos chineses, representa um vetor de risco, que pode comprometer a integridade territorial e a autonomia decisória do país.
A China, já consolidada como um player dominante nos setores de infraestrutura logística, energética e mineração do Brasil, busca expandir sua influência para o setor agropecuário, visando garantir o acesso a recursos estratégicos e o controle sobre a cadeia de produção de alimentos. Essa estratégia, tem sido praticada pela China em diversos países subdesenvolvidos. Ao Brasil, cabe, então, uma análise objetiva do perigo e a consequente contenção dos fortes riscos envolvidos.
A dependência excessiva do capital chinês, em um contexto de fragilidade fiscal e de crescente endividamento, pode se transformar em uma armadilha de longo prazo, com o país refém de decisões unilaterais e sujeito a pressões políticas e econômicas. A alienação de terras para investidores chineses, em particular, representa uma ameaça à soberania nacional, com o risco de controle do território e da produção de alimentos por um ator externo.
A análise de inteligência estratégica demanda a identificação de sinais de alerta e a avaliação de cenários prospectivos. A suspensão do Plano Safra, a insistência em alienação de ativos naturais e a crescente influência chinesa no setor agropecuário configuram um conjunto de indicadores que exigem uma resposta coordenada e assertiva do Estado brasileiro. É preciso fortalecer a capacidade de monitoramento e fiscalização das atividades estrangeiras no país, garantir a proteção dos interesses nacionais e promover o desenvolvimento de uma estratégia de longo prazo para o setor agropecuário, que priorize a autonomia, a segurança alimentar e a sustentabilidade.
A defesa da soberania nacional exige uma abordagem ampla, que envolva a diplomacia, a inteligência, a defesa e a economia. É preciso fortalecer a capacidade de negociação do Brasil, diversificar os mercados de exportação, investir em tecnologia e inovação e promover a integração vertical da cadeia produtiva. Além das altamente necessárias reformas estruturais.
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