Em raro comentário sobre Lula, o presidente do Banco Central desmentiu ataques e esclareceu sobre a amizade com Tarcísio

Um dia antes de completar 55 anos, o presidente do Banco Central decidiu tocar em um assunto que o economista raramente faz: comentar a respeito das declarações sempre virulentas do ocupante do Palácio do Planalto.
Em entrevista coletiva após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, Roberto Campos Neto admitiu que os ataques promovidos por Lula não facilitam - ou pior - atrapalham a sua principal função como responsável pela política monetária brasileira.
“Não é uma opinião minha, é uma constatação. Quando olhamos o movimento de mercado em tempo real com os pronunciamentos, o que se mostrou é que em momentos de pronunciamento houve piora em algumas variáveis macroeconômicas e alguns preços de mercado”, afirmou Campos Neto logo após o evento principal, que apontou para uma tendência de alta inflacionária em 2024 e 2025.
Sobre as críticas de que ele comandaria a alta da taxa Selic de forma proposital, o dirigente reiterou que ele representa apenas um dos 9 votos dentro do Copom - o Comitê de Política Monetária do Banco Central.
“Eu sou um voto de 9, e todos os votos foram técnicos”, explicou Campos Neto.
Polêmica sobre Tarcísio
Além de colocar os pingos nos is sobre juros, Roberto Campos Neto não se omitiu sobre sua proximidade ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na semana passada, Lula o acusou de buscar um cargo político, o comparando com Sergio Moro.
"A quem esse rapaz é submetido, como ele vai numa festa em São Paulo, quase assumindo candidatura a um cargo no governo de São Paulo? Cadê a autonomia dele?”, questionou Lula.
“Nunca tive conversa com Tarcísio sobre ser ministro de nada. Continuamos conversando sobre economia, como converso com vários outros agentes, parlamentares, pessoas do governo. As nossas famílias são próximas, então a gente tem uma amizade grande”, garantiu Campos Neto.
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