CVM investiga ministros de Lula por nomeação suspeita em empresa privada

Órgão apura possível conflito de interesses na indicação de aliados do governo para conselho da Tupy

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma investigação sobre possíveis irregularidades na nomeação de três ministros do governo Lula para o conselho de administração da empresa privada Tupy.

Os ministros Carlos Lupi (Previdência), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinicius Marques de Carvalho (CGU) assumiram cargos na empresa por indicação da BNDES Participações (BNDESPar), que detém 28,19% das ações da Tupy. No entanto, não solicitaram previamente uma avaliação formal sobre possíveis conflitos de interesse, como exige a legislação.

A Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência só foi acionada após a CVM enviar um ofício à Tupy cobrando esclarecimentos, evidenciando que a consulta deveria ter sido feita antes da nomeação. Mesmo após a CEP ter dado parecer favorável à presença dos ministros no conselho, a CVM ainda não arquivou o caso e pode abrir um processo formal por violação ética.

A Tupy afirmou que segue protocolos internos para a escolha de seus conselheiros e que os candidatos fazem autodeclaração sobre cumprimento das normas. Já os ministros alegam que passaram por avaliação do BNDES, que teria aprovado suas indicações.

A decisão final da CVM sobre a possível abertura de processo está prevista para ser tomada na próxima segunda-feira (24). O caso levanta questionamentos sobre o uso de cargos estratégicos por integrantes do governo e o controle estatal sobre empresas privadas.