Operação dos EUA salva opositores de Maduro asilados na embaixada argentina
- Núcleo de Notícias
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Após mais de um ano sob condições desumanas e abandono diplomático, cinco venezuelanos opositores conseguem escapar do regime chavista com apoio americano

Cinco cidadãos venezuelanos, opositores ao regime de Nicolás Maduro, foram finalmente libertados após permanecerem mais de 400 dias asilados na embaixada da Argentina em Caracas. A operação de resgate, conduzida pelos Estados Unidos com apoio internacional, foi anunciada na terça-feira (6) pelo presidente norte-americano Donald Trump, que celebrou o sucesso da missão e a chegada dos dissidentes em segurança ao solo americano.
Segundo o secretário de Estado Marco Rubio, que coordenou os esforços diplomáticos e logísticos da operação, os cinco opositores – aliados da líder venezuelana María Corina Machado e colaboradores da campanha presidencial de Edmundo González – eram mantidos como “reféns” pelo regime chavista. Acusados de conspiração e “traição à pátria” pela Procuradoria Geral da Venezuela, buscaram refúgio na representação diplomática argentina logo após a reeleição contestada de Maduro em julho de 2024.
A operação, realizada de forma sigilosa e considerada “precisa”, marca um duro golpe simbólico contra o autoritarismo bolivariano, e foi amplamente comemorada por lideranças de fato democráticas na região. María Corina Machado classificou a ação como “impecável e épica”, exaltando a coragem dos libertados como “heróis da Venezuela”.
Enquanto os Estados Unidos e a Argentina celebram o feito, o governo brasileiro enfrenta duras críticas por sua postura ambígua no episódio. Desde agosto de 2024, o Brasil assumiu a responsabilidade pela segurança da embaixada argentina em Caracas, após o regime chavista expulsar os diplomatas argentinos e representantes de outras seis nações que haviam denunciado fraude eleitoral na reeleição de Maduro. No entanto, segundo os asilados, a atuação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi marcada por omissão e lentidão.
Em abril, os opositores venezuelanos enviaram uma carta pública a Lula denunciando as condições desumanas em que viviam: sem energia elétrica, sem água corrente e sob vigilância policial constante. No documento, acusaram o governo brasileiro de negligência e exigiram uma ação imediata para garantir sua saída segura do país. “Hoje, a bandeira do Brasil é humilhada, como somos humilhados nós diariamente dentro desta embaixada, que transformaram em prisão”, afirmaram.
Apesar de tentativas diplomáticas do Itamaraty para negociar salvo-condutos com o governo venezuelano, não houve avanço. O silêncio de Lula, que manteve relações cordiais com Maduro mesmo após as eleições fraudulentas, aprofundou o desgaste da imagem brasileira no cenário internacional.
Agora, com a operação concluída sem qualquer participação brasileira e sem menção ao governo petista nos agradecimentos oficiais da Argentina ou dos EUA, a omissão do Planalto torna-se ainda mais evidente. O comunicado do gabinete do presidente Javier Milei celebrou a libertação dos asilados e agradeceu especialmente ao secretário Marco Rubio, sem qualquer referência ao papel do Brasil.
Coincidentemente, Lula e Maduro devem se encontrar nos próximos dias em Moscou, durante as celebrações do 80º aniversário do Dia da Vitória, a convite de Vladimir Putin. O encontro marcará a primeira reunião entre os dois líderes desde a reeleição controversa do ditador venezuelano. A ausência de Lula na posse de Maduro, em janeiro de 2025, havia sinalizado certo distanciamento, mas as afinidades ideológicas entre os governos persistem como pano de fundo.
A operação norte-americana, realizada debaixo do nariz das forças de segurança de Maduro, expôs de forma vexatória o despreparo dos serviços de inteligência venezuelanos, que, mesmo contando com o apoio estratégico de russos, chineses e cubanos, foram completamente superados por uma ação pontual dos EUA. Aparentemente, as forças bolivarianas, tão orgulhosas de seu aparato “soberano”, não passou de um castelo de cartas diante de uma operação profissional — revelando que a “inteligência” do eixo Caracas-Havana-Pequim-Moscou é, no mínimo, um insulto à definição do termo.
O resgate dos cinco opositores não apenas reforça o protagonismo dos Estados Unidos no apoio à liberdade na América Latina, como também evidencia a fragilidade moral de governos que se dizem defensores dos direitos humanos, mas se calam diante da tirania. A operação bem-sucedida representa um duro lembrete de que, frente ao autoritarismo, a neutralidade é cúmplice.
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