Banco Central eleva Selic para 14,75% ao ano, maior nível desde 2006
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Copom justifica decisão com inflação persistente, incertezas externas e pressões fiscais internas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, de forma unânime, elevar a taxa básica de juros (Selic) de 14,25% para 14,75% ao ano, atingindo o maior patamar desde julho de 2006, quando a taxa alcançou 15,25% ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O aumento de 0,5 ponto percentual foi amplamente antecipado por analistas do mercado, após sinalizações do próprio BC em documentos recentes.
Segundo o comunicado oficial do Copom, o cenário externo permanece instável e repleto de incertezas, especialmente por causa das medidas econômicas adotadas pelos Estados Unidos, cuja política comercial tem provocado impactos relevantes na economia global e alimentado a volatilidade de ativos. Em um contexto de crescente tensão geopolítica, o comitê destacou que países emergentes precisam manter cautela redobrada na condução da política monetária.
No cenário doméstico, a inflação, tanto em seu índice cheio quanto nas medidas subjacentes, continua acima da meta estabelecida. As expectativas de inflação apuradas pelo Boletim Focus apontam 5,5% para 2025 e 4,5% para 2026, ambas acima do centro da meta. Já a projeção do próprio Copom para 2026 é de 3,6%. O comitê alertou ainda para riscos inflacionários elevados, com destaque para uma possível desancoragem prolongada das expectativas e a persistência da inflação de serviços. Também foi citado o risco de uma depreciação cambial mais duradoura, alimentada pela instabilidade fiscal interna e pelos reflexos da política externa global.
Diante desse panorama, o Copom considerou necessária uma política monetária significativamente contracionista por um período prolongado para garantir o retorno da inflação à meta. A decisão de aumentar a Selic foi apresentada como compatível com essa estratégia, ao mesmo tempo em que busca mitigar oscilações na atividade econômica e promover o pleno emprego.
O colegiado sinalizou que a incerteza elevada, somada ao estágio já avançado do ciclo de aperto monetário, exigirá cautela redobrada nas próximas decisões. A calibragem da política monetária seguirá condicionada à evolução dos dados de inflação, projeções, expectativas do mercado, hiato do produto e o balanço de riscos.
A decisão contou com os votos do presidente do BC, Gabriel Galípolo, e dos diretores Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Astolfi Vivan, Izabela Correa, Nilton David, Paulo Picchetti, Renato Brito Gomes e Rodrigo Teixeira.
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